A Netflix iniciou negociações para adquirir os estúdios de cinema e TV da Warner Bros. Discovery, além da plataforma de streaming HBO Max. A gigante do setor apresentou uma oferta composta majoritariamente por dinheiro em uma nova rodada de lances, que superou rivais de peso no mercado de mídia. Os detalhes foram confirmados pelo serviço em comunicado à imprensa.
O que você precisa saber
- Netflix entrou em negociações para comprar a Warner Bros. e a HBO Max.
- Proposta é composta majoritariamente por dinheiro e supera ofertas de rivais.
- Canais de TV paga, como CNN e TNT, não fazem parte do pacote negociado.
- Empresa ofereceu US$ 5 bilhões como taxa de rescisão caso o acordo seja barrado.
- Paramount acusou o processo de venda de ser viciado e favorecer a concorrente.
- Fusão enfrenta resistência de reguladores devido ao risco de monopólio.
- Catálogo inclui franquias como Harry Potter e a biblioteca completa da HBO.
Para garantir a segurança do negócio, a Netflix propôs uma taxa de rescisão de US$ 5 bilhões (aproximadamente R$ 26 bilhões). Esse valor será pago caso os órgãos reguladores não aprovem a transação. As empresas trabalham para anunciar o acordo oficial nos próximos dias, dependendo do andamento das conversas finais e da ausência de imprevistos que possam interromper o processo.
Antes de selar a venda, a Warner Bros. deve concluir a cisão de seus canais de TV a cabo. Marcas jornalísticas e de entretenimento linear, como CNN, TBS e TNT, não fazem parte do pacote negociado e seguirão como uma operação separada. A empresa é avaliada atualmente em mais de US$ 60 bilhões (cerca de R$ 318 bilhões) no total.
Detalhes da oferta bilionária da Netflix
O mercado financeiro reagiu imediatamente às movimentações. As ações da Warner Bros. registraram alta de 3,7% nas negociações prévias à abertura da bolsa em Nova York, enquanto os papéis da Netflix tiveram uma leve queda de 0,6%. Analistas apontam que uma oferta de US$ 30 por ação elevaria a avaliação dos ativos da Warner para cerca de US$ 75 bilhões.
A aquisição representa uma mudança estratégica na história da companhia. A empresa, que construiu seu império licenciando programas e investindo em produções originais, passaria a controlar um dos estúdios mais tradicionais de Hollywood. O acervo a ser adquirido contém franquias de peso global, como Harry Potter, além de toda a biblioteca da HBO.
Séries aclamadas pela crítica e pelo público, como Família Soprano (1999) e The White Lotus (2021), passariam a ser propriedade da plataforma de streaming. O acordo também prevê a entrega dos estúdios físicos em Burbank, na Califórnia, garantindo à compradora uma infraestrutura de produção que nunca possuiu em tal escala.
Disputa com a Paramount e reguladores
A preferência pela Netflix gerou tensão entre os concorrentes. A Paramount, liderada por David Ellison, acusou a Warner Bros. de conduzir um processo “viciado” que teria favorecido a rival. Em cartas enviadas por advogados no início de dezembro, a empresa argumentou que sua proposta teria mais facilidade de aprovação entre reguladores globais. A Comcast também havia demonstrado interesse na compra.
O cenário regulatório deve ser o maior obstáculo para a concretização do negócio. A união das empresas criaria uma base combinada de cerca de 450 milhões de assinantes, levantando preocupações sobre monopólio nos Estados Unidos e na Europa. Políticos republicanos, como Darrell Issa e o senador Mike Lee, já manifestaram oposição, alegando prejuízos aos consumidores.
Para acalmar o mercado, a Netflix argumenta que a fusão permitiria reduzir preços por meio de pacotes e aponta o YouTube como seu principal concorrente. A empresa encerrou 2024 com receitas de US$ 39 bilhões (R$ 210 bilhões), mesmo patamar de vendas registrado pela Warner Bros., fundada na década de 1920.
Caso o negócio se concretize, haverá uma transformação profunda na indústria do entretenimento. O modelo de negócios da plataforma, que historicamente evita lançamentos em salas de cinema, colidirá com a tradição cinematográfica da Warner. O desfecho da operação depende agora da aprovação dos órgãos de defesa da concorrência e da finalização dos detalhes contratuais.


