O SuperPop desta quarta-feira (26) promoveu um debate acalorado sobre a série Tremembé, do Prime Video. A apresentadora Luciana Gimenez recebeu Ana Carolina Oliveira, mãe de Isabella Nardoni, que condenou a abordagem midiática em torno de crimes reais. Para a vereadora, esse tipo de produção acaba transformando criminosos em celebridades, enquanto as vítimas e seus familiares são deixados em segundo plano no imaginário popular.
Ana Carolina foi enfática ao questionar o valor social dessas obras para quem sofreu a perda. “Agora só importa quem é assassino, quem ganhou like, quem ganhou mídia. E a vida de quem ficou e que hoje tem que ficar falando e relembrando a memória do ente querido, que valor isso tem? Nenhum!”, desabafou. Ela ressaltou não ser contra a existência da ficção, mas sim contra o foco narrativo: “A minha única preocupação é glamourizar quem não deveria estar nesse lugar […] tirar o assassino e o criminoso do local de onde pertence e coloca-lo como celebridade”.
A edição do SuperPop também contou com a presença de pessoas que viveram a realidade do presídio que inspira a trama. Ricardo de Freitas, conhecido como Duda, ex-detento que teve um relacionamento com Cristian Cravinhos dentro da cadeia, classificou o roteiro como distante da verdade. “Achei muito fantasiosa, não condiz com a realidade. […] É bem pior do que as pessoas podem imaginar”, afirmou ele, alegando que sua vida virou de ponta cabeça após a exposição causada pelo lançamento.
Duda se posicionou totalmente contra a série Tremembé, argumentando que ela reabre traumas antigos desnecessariamente. “Ela mexe em feridas que já estavam fechadas, não só para as vítimas, mas para quem já cumpriu a pena”, disse. Ele ainda mencionou que manteve silêncio sobre sua história íntima por uma década. “Se eu quisesse que isso viesse a público, há 10 anos atrás já tinha saído com todas as cartas, com a calcinha, com os presentes e com tudo”, finalizou o convidado.
Outro personagem real retratado na ficção, Sandra Regina Ruiz, o Sandrão, enviou um depoimento inédito ao SuperPop criticando a produção de Tremembé por falta de checagem dos fatos processuais. “Quiseram me fazer um monstro, o vilão, para a história deles ter engajamento, mas não é verdade”, declarou. Sandrão enfatizou que já pagou sua dívida com a Justiça e hoje busca uma rotina comum: “Acordo todos os dias às 5 horas da manhã para trabalhar […] cometi um erro no passado e paguei por ele”.


