A Record exibe nesta segunda-feira (12), às 22h45, o documentário Hospital Colônia: Insanidade, Tortura e Morte. A produção revela detalhes chocantes sobre o Hospital Colônia de Barbacena (MG), instituição onde cerca de 60 mil pessoas morreram entre 1903 e 1994. O sanatório, inicialmente projetado para tratar pacientes com doenças psiquiátricas, foi palco de práticas desumanas, sendo comparado a campos de concentração nazistas.
Ao longo de quase um século, o hospital internou não apenas pessoas com transtornos mentais comprovados, mas também indivíduos considerados “inconvenientes” ou “loucos” por preconceito ou conveniência. O documentário da Record traz depoimentos exclusivos, como o da coordenadora das Residências Terapêuticas, Thais Barbosa. “Era o lugar das pessoas que a sociedade queria limpar. Muitas não tinham, de fato, um transtorno mental”, diz ela.
As mulheres eram especialmente vítimas de abusos dentro do Colônia, com inúmeros casos de estupros e violência sexual. Em muitos casos, as crianças nascidas no sanatório eram doadas clandestinamente. Um dos relatos marcantes da produção jornalística da Record é o de Geralda Siqueira, ex-interna que perdeu o filho, João, sem qualquer aviso prévio.
“Um dia, cheguei para visitar o João no domingo. Aí ela [funcionária do Hospital] virou e falou assim: ‘Ó, o João não está aqui mais, não.’ Eu virei e falei com ela assim: ‘Mas a senhora tinha que ter me avisado. Eu não passei autoridade nenhuma, já vim para cá sem autoridade nenhuma. Agora, perdi o filho também, sem autoridade nenhuma’”, conta Geralda no documentário da Record.
O historiador Edson Brandão explica como era o processo: “As adoções eram feitas ali de forma quase que clandestina. Eventualmente, um funcionário ou um casal de funcionários, vendo o drama de uma paciente grávida e logo depois tendo uma criança, já, automaticamente, se candidatavam a levar essa criança”, detalha.
O tempo, geralmente apontado como o melhor remédio para tudo, nunca foi capaz de apagar as barbáries do Hospital Colônia. “Eles molhavam com álcool, ‘tacavam’ choque e a gente ficava tremendo o corpo”, descreve o ex-paciente Antônio Silva no documentário da Record.
Além dos abusos, o documentário aborda a prática de eutanásia, conhecida como “chá da meia-noite”, usada para matar pacientes. A equipe teve acesso exclusivo aos registros do hospital, revelando a falta de justificativa médica para muitas internações. A produção também destaca as histórias de sobreviventes, como a de Raíssa Oliveira, que encontrou sua mãe biológica, uma ex-paciente do Colônia, após uma longa busca.
O documentário Hospital Colônia: Insanidade, Tortura e Morte vai ao ar nesta segunda (12), às 22h45, na Record.