O Globo Rural exibiu neste domingo (7), na TV Globo, a segunda parte da série sobre a vassoura de bruxa da mandioca, doença que ameaça comunidades indígenas no Amapá e já levou o estado a decretar emergência. A praga destrói roças inteiras, comprometendo a alimentação e a cultura local. Pesquisadores admitem que ainda não existe solução concreta e que o momento é mais de dúvidas do que de respostas.
A gravidade da situação impacta diretamente a vida de centenas de famílias. Antes da chegada do fungo, aldeias do Oiapoque cultivavam 68 variedades de mandioca, mas apenas duas resistem. O cacique Vagner Karipuna resume o drama ao afirmar que se trata do “fim de uma era”. Hoje, comunidades que eram fornecedoras de farinha precisam comprar o alimento básico, enquanto a pesquisa busca variedades resistentes.
Preço do café dispara com menor oferta e tarifaço dos EUA
O preço do café arábica disparou no Brasil, com a saca de 60 quilos atingindo R$ 2.300, valor 60% superior ao de 2024. A alta é consequência da menor oferta provocada por secas, geadas e ondas de calor que castigam as lavouras desde 2021. Para produtores, o preço elevado compensa as perdas de produtividade, mas especialistas já descartam a possibilidade de supersafra em 2026, frustrando expectativas.
Além do clima, o mercado internacional do café foi abalado pelo tarifaço dos Estados Unidos, que reduziu importações brasileiras. O impacto elevou preços em outros países e pode até influenciar o consumo global no médio prazo. Exportadores explicaram que os americanos ainda têm estoques para dois meses, mas já buscam fornecedores alternativos. Com isso, o Brasil redireciona parte da sua produção para outros mercados.
Nordeste enfrenta seca e produtores buscam alternativas
O Rio Grande do Norte enfrenta uma seca severa, afetando praticamente todos os municípios do estado. Segundo a Agência Nacional de Águas, 96% das cidades registraram algum nível de estiagem em julho, com chuvas até 20% abaixo da média. Em Mossoró, o pecuarista Seu Antônio relatou que precisou antecipar o uso da silagem, prática que normalmente ocorre no fim do ano, para manter o gado alimentado.
O Globo Rural mostrou que as lavouras também sofrem com a falta de chuva. Agricultores relatam perdas de até 60% no milho, situação que ameaça a renda das famílias e compromete o sustento dos animais. O cenário desanima os produtores, mas muitos mantêm a esperança em melhores condições climáticas para a próxima safra. “Tem que renovar a fé”, disse Seu Antônio, que já separou sementes para recomeçar em 2026.
Tecnologia contra incêndios no algodão
Produtores de algodão em Mato Grosso adotaram medidas tecnológicas para enfrentar os riscos de incêndio durante a colheita, em meio ao calor que chegou a 41 ºC nesta semana. Brigadistas treinados monitoram os 8.200 hectares da fazenda em Sapezal, utilizando pulverizadores adaptados, câmeras térmicas e hidrantes automatizados. A prevenção é essencial, já que cada rolo de algodão pesa mais de duas toneladas e pode queimar rapidamente.
Além das brigadas, os agricultores redobraram os cuidados com a manutenção de máquinas, já que o acúmulo de óleo e palha aumenta o risco de faíscas. A armazenagem do algodão passou a seguir protocolos rigorosos, com blocos afastados para facilitar o combate em caso de fogo. Essas práticas, somadas a sistemas anti-incêndio nas algodoeiras, mostram como a tecnologia tem sido aliada da produção.
Expointer 2025 reúne animais recordistas e novidades do agro
Em Esteio, no Rio Grande do Sul, a Expointer 2025 reuniu mais de 6.600 animais e apresentou novidades que vão do campo gastronômico à alta tecnologia agrícola. O touro Falcão, da raça Brahman, foi o destaque entre os animais, com 1.430 quilos, o maior já exibido na feira. Também chamou atenção o retorno das aves, incluindo a tendência das chamadas galinhas de estimação, dóceis e adaptadas ao convívio doméstico.
A feira apresentou ainda produtos inusitados como o iogurte de rosas e soluções práticas, como uma agroindústria modular de 18 metros quadrados. No setor de máquinas, simuladores de colheitadeiras permitem treinar operadores sem risco de prejuízos. Durante o evento, o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, anunciou medida provisória que libera R$ 12 bilhões para renegociação de dívidas rurais, beneficiando 100 mil produtores de todo o país.
Orientações para piscicultura e dicas do campo
O Globo Rural respondeu dúvidas sobre a criação de tilápias em tanques-rede. Pesquisadores da Embrapa explicaram que a prática é viável em locais com profundidade mínima de quatro metros, circulação adequada de água e estruturas seguras. Com alimentação exclusiva por ração, cada tanque pode render até duas toneladas de peixe por ano. O período de engorda varia entre cinco e oito meses, dependendo das condições.
O programa trouxe ainda dicas para agricultores de abacaxi, que enfrentam queimaduras nos frutos causadas pelo sol forte. Técnicos recomendaram sombreamento ou proteção direta das frutas para evitar danos. Outra orientação foi sobre o maxixe bravo, identificado por telespectadores no Nordeste: apesar da semelhança com o maxixe comum, ele é considerado tóxico e não deve ser consumido, servindo apenas como curiosidade botânica.
Globo Rural traz panorama do agronegócio
Além das reportagens, a edição do Globo Rural trouxe um panorama dos preços e das safras no país. Em Minas Gerais, produtores de batata sofrem com a queda de 60% no valor da saca de 25 quilos, que passou a ser vendida a R$ 25. Já no Rio Grande do Sul, a área de arroz deve recuar 5%, enquanto o milho cresce 9%, em um cenário de readequação às condições do mercado e do clima.
O preço do leite também preocupa os produtores, com média de R$ 2,62 em agosto, 8,5% menor do que em 2024. Em contrapartida, o chuchu colhido no Espírito Santo valorizou 50%, graças ao aumento na procura e à qualidade da safra. O programa encerrou mostrando registros de aves no Pantanal, lembrando que a seca faz diferentes espécies dividirem espaço em busca de água e sombra.
A edição do Globo Rural teve apresentação de Pedro Málaga e Cristina Vieira.


