A Política Nacional de Resíduos Sólidos, de 2010, previa o fechamento de todos os lixões até 2014. No entanto, o prazo não foi cumprido e novas datas foram estabelecidas de acordo com o tamanho dos municípios. A última dessas datas, prevista para agosto deste ano, também não será cumprida. Nesta terça-feira (4), o Profissão Repórter fala sobre os impactos desses lixões nas comunidades do Maranhão e do Pará. O jornalístico também mostra a coleta de materiais recicláveis em São Paulo.
No interior do Maranhão, os repórteres Júlio Molica e Alex Gomes visitaram quatro lixões que não seguem normas básicas de disposição de resíduos sólidos. As consequências são graves: falta de controle de acesso, descarte inadequado de lixo hospitalar, vazamento de chorume e, o mais alarmante, trabalho infantil.
Em Coroatá, um menino de 10 anos foi visto pendurado em um caminhão de lixo, disputando restos de comida com urubus. Em Santa Inês, o Profissão Repórter mostra o caso de Maria de Fátima, moradora local, convive há 12 anos com água contaminada e o incômodo constante de urubus e caminhões de lixo, enquanto tenta, sem sucesso, vender sua propriedade para se mudar.
Em Belém do Pará, o repórter Chico Bahia e o técnico de som João Batista seguiram um caminhão de coleta até o único aterro sanitário do estado, em Marituba. O aterro, instalado em 2015, fica a apenas 30 metros das casas locais, provocando problemas respiratórios nos moradores. Rosana Rocha, moradora próxima, ganhou na justiça o direito a um aluguel pago pelo governo para poder sair de perto do aterro, devido à piora na bronquite de seu filho causada pelos gases emitidos.
Desde 2017, o Ministério Público do Pará move uma ação contra a operadora do aterro, o Estado e a prefeitura de Marituba, por descumprimento das normas de distância mínima de 500 metros das residências, contaminação da água e níveis elevados de toxicidade do ar. As reclamações são frequentes entre os moradores afetados.
Em São Paulo, a reportagem do Profissão Repórter acompanhou a coleta de materiais recicláveis realizada pela prefeitura e catadores informais. Estes catadores desempenham um papel crucial no processo de reciclagem. André Neves Sampaio e João Lucas Martins conheceram Maná, uma catadora que sustenta sua família com a venda de material reciclável.
Maná é uma das quase 20 mil catadoras informais em São Paulo. “Sem nós, a cidade ficaria muito mais poluída do que já é. A gente pega o papelão, o lixo que está na calçada. Se a gente não tirasse esse material, o lixo entupiria os bueiros e deixaria a situação das enchentes ainda mais complexa”, explica ela.
O Profissão Repórter vai ao ar na Globo nesta terça-feira (4), às 23h50, depois da série Sob Pressão.