O jornalista, locutor e apresentador Cid Moreira morreu nesta quinta-feira (3) aos 97 anos. Dono de uma das vozes mais memoráveis da TV brasileira, o comunicador estava internado no Hospital Santa Teresa, em Petrópolis, na Região Serrana do Rio de Janeiro, desde o dia 4 de setembro. Ele deu entrada com insuficiência renal crônica –antes, tratava uma pneumonia em casa. O estado de saúde de Cid piorou e, às 8h, ele morreu de falência múltipla dos órgãos.
Cid Moreira ancorou cerca de 8 mil edições do Jornal Nacional na TV Globo, segundo informações da plataforma Memória Globo. Ele estreou na apresentação do principal telejornal da TV brasileira em setembro de 1969. “Gosto mais das notícias de grande impacto, de emoção, porque eu tenho sensibilidade para passar isso, e consegui passar durante todos esses anos”, disse ele em entrevista.
“Quando o Drummond morreu, fizemos um ‘boa noite’ diferente. No final do jornal, sussurrei: ‘E agora, José?’ Ninguém esperava isso. Fizeram uma fila para me cumprimentar, e até hoje me sinto honrado”, declarou ao Memória Globo. Nascido em Taubaté (SP) em 1927, o locutor completou 97 anos no último domingo (29). Filho do bibliotecário Isauro Moreira e da dona de casa Elza Moreira, Cid teve outros dois irmãos: Célio Moreira, morto aos 89 anos, em 2021, e Céia Moreira, que morreu em 2003, aos 74 anos, em um acidente de carro.
Formado em Contabilidade em 1944, Cid Moreira foi convencido por um amigo, cujo pai era diretor da Rádio Difusora Taubaté, a fazer um teste de locução. Contratado pela emissora, o locutor atuou na narração de comerciais até 1949, quando se mudou para São Paulo e passou a trabalhar na Rádio Bandeirantes e na Propago Publicidade. Em 1951, se transferiu para o Rio de Janeiro e foi contratado pela Rádio Globo, onde permaneceu até 1956.
As primeiras experiências de Cid Moreira na TV aconteceram na TV Rio (1955-1977) apresentando comerciais ao vivo em programas. “Ninguém levava a TV a sério. Custei a comprar o meu primeiro aparelho de televisão. Mas não tinha nada, o rádio ainda dominava”, conta. Cid voltou a trabalhar na Globo em 1969, para substituir Luís Jatobá no Jornal da Globo, na época um noticiário de 15 minutos que mostrava diariamente às 19h45 as principais notícias do Brasil e do mundo.
O comunicador integrou a primeira equipe do Jornal Nacional, que estreou em setembro daquele ano e foi o primeiro jornalístico exibido em rede no Brasil. Na época, ele dividiu a bancada com Hilton Gomes (1924-1999) e, dois anos depois, iniciou uma parceira que marcou época com Sérgio Chapelin. Ele deixou o posto em 1996, quando a emissora promoveu uma reformulação no telejornal e os apresentadores foram substituídos por William Bonner e Lillian Witte Fibe.
