LUTO

Morre papa Francisco aos 88 anos

Pontífice morreu nesta segunda-feira (21), após 12 anos como líder máximo da Igreja Católica

Papa Francisco fala ao microfone durante um evento oficial no Vaticano, usando vestes brancas e óculos
Papa Francisco morreu aos 88 anos; ele estava internado em estado crítico após diagnóstico de pneumonia bilateral e infecção polimicrobiana - Foto: Reprodução/Globo
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Jorge Mario Bergoglio, o papa Francisco, morreu nesta segunda-feira (21), aos 88 anos, após 12 anos como líder da Igreja Católica. A morte ocorreu às 2h35 (horário de Brasília), 7h35 no horário local. “O Bispo de Roma, Francisco, retornou à casa do Pai. Toda a sua vida foi dedicada ao serviço do Senhor e de Sua Igreja”, diz comunicado oficial.

“Ele nos ensinou a viver os valores do Evangelho com fidelidade, coragem e amor universal, especialmente em favor dos mais pobres e marginalizados. Com imensa gratidão por seu exemplo como verdadeiro discípulo do Senhor Jesus, recomendamos a alma do papa Francisco ao infinito amor misericordioso do Deus Trino”, continua a nota.

Jorge Mario Bergoglio, o primeiro papa nascido na América, assumiu o comando da Igreja em março de 2013, após a renúncia de Bento XVI (1927-2022). Ele foi o primeiro pontífice do hemisfério sul e o primeiro jesuíta a ocupar o cargo. Sua escolha para o papado simbolizou um momento de renovação na Igreja, com foco na aproximação com os fiéis e na defesa dos mais pobres.

Durante mais de uma década à frente do Vaticano, papa Francisco adotou uma postura progressista em temas sociais e se destacou pela ênfase na misericórdia e no acolhimento. Ele defendeu o combate à pobreza, condenou o consumismo e a degradação ambiental e incentivou o diálogo inter-religioso. Sua encíclica Laudato Si’, publicada em 2015, reforçou a necessidade de medidas contra as mudanças climáticas.

No cenário internacional, o papa teve papel importante em questões diplomáticas e sociais. Francisco intermediou a retomada das relações entre Estados Unidos e Cuba e denunciou abusos contra refugiados e imigrantes. Além disso, reforçou o combate aos casos de abuso sexual dentro da Igreja, implementando regras mais rígidas para a responsabilização de clérigos e bispos.

A infância e juventude de Jorge Mario Bergoglio

Jorge Mario Bergoglio nasceu em Buenos Aires, em 17 de dezembro de 1936, em uma família de imigrantes italianos. Seu pai, Mario Giuseppe Bergoglio Vasallo, era um trabalhador ferroviário nascido em Portacomaro, na Itália, e sua mãe, Regina Maria Sivori Gogna, era dona de casa e filha de genoveses. Os dois se casaram na capital argentina em 1935, um ano antes do nascimento do futuro papa.

Desde pequeno, Jorge demonstrou forte vínculo com suas origem. Foi torcedor fervoroso do San Lorenzo, clube fundado por um padre salesiano. Aos dez anos, acompanhou de perto a conquista do título argentino de 1946, relembrando anos depois a importância desse momento em sua infância.

Criado no bairro de Flores, tradicional reduto portenho, Jorge Mario Bergoglio foi o mais velho de cinco irmãos. Teve como companheiros de infância Oscar Adrián, Marta Regina, Alberto Horacio e María Elena. Ele estudou no Colégio Salesiano de Buenos Aires antes de ingressar na Escuela Técnica Industrial N° 27 Hipólito Yrigoyen, onde obteve um diploma técnico em química. Na juventude, enfrentou uma grave doença respiratória que resultou na remoção de parte de um de seus pulmões, um problema de saúde que o acompanharia por toda a vida.

Antes de seguir a vocação religiosa, Bergoglio viveu experiências comuns a muitos jovens. Durante a adolescência, chegou a namorar uma jovem chamada Amalia. Segundo relatos dela, ele teria lhe pedido em casamento e afirmado que, caso não se casasse, se tornaria padre. O destino seguiu o segundo caminho, e anos mais tarde, ele ingressou no seminário, dando início à trajetória que o levaria ao comando da Igreja Católica.

O interesse de Bergoglio pela fé foi moldado por sua formação jesuíta e pelo contato próximo com comunidades menos favorecidas. Ele foi ordenado padre em 1969 e, nas décadas seguintes, consolidou sua reputação como líder religioso de grande carisma e forte compromisso social. Seu caminho na Igreja o levaria à Arquidiocese de Buenos Aires e, posteriormente, ao Vaticano, onde faria história como o primeiro papa latino-americano.

Pontificado de Francisco: a escolha histórica

O cardeal Jorge Mario Bergoglio foi eleito papa em 13 de março de 2013, no segundo dia do conclave, tornando-se o 266º pontífice da Igreja Católica. Ele escolheu o nome Francisco, tornando-se o primeiro jesuíta a ocupar o cargo, o primeiro papa do continente americano e do Hemisfério Sul, além de ser o primeiro não europeu a liderar a Igreja em mais de 1.200 anos.

Sua eleição representou uma mudança significativa na história do papado, trazendo um líder com forte compromisso social e proximidade com os mais pobres. Ao ser questionado na Capela Sistina se aceitava a escolha, respondeu com humildade: “Eu sou um grande pecador, confiando na misericórdia e paciência de Deus, no sofrimento, aceito”.

O anúncio oficial, conhecido como Habemus Papam, foi feito pelo cardeal francês Jean-Louis Tauran. Pouco depois, Francisco apareceu na sacada da Basílica de São Pedro, vestindo apenas a batina branca, sem os tradicionais adornos papais. Diante de milhares de fiéis, iniciou seu pontificado com um gesto simbólico: pediu que a multidão rezasse por ele antes de conceder sua primeira bênção.

Em seu primeiro discurso, papa Francisco dirigiu-se ao povo com simplicidade e proximidade. “Irmãos e irmãs, boa noite! Vós sabeis que o dever do Conclave era dar um Bispo a Roma. Parece que os meus irmãos Cardeais tenham ido buscá-lo quase ao fim do mundo… Eis-me aqui!”, disse, arrancando aplausos da Praça de São Pedro. Na ocasião, também pediu uma oração pelo papa emérito Bento XVI, seu antecessor.

A escolha do nome Francisco foi inspirada em São Francisco de Assis, símbolo de humildade e dedicação aos pobres. O pontífice revelou que a decisão veio de uma frase dita pelo cardeal brasileiro Dom Cláudio Hummes logo após sua eleição: “Não esqueça dos pobres”.

Desde então, o papa Francisco imprimiu sua marca na Igreja, priorizando temas como justiça social, acolhimento aos imigrantes e combate às desigualdades. O nome pontifício não recebeu o ordinal “I”, pois, segundo a Santa Sé, isso só ocorrerá caso haja um futuro papa Francisco II.

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Foto de Túlio Medeiros
Túlio Medeiros
Editor-chefe do Portal da TV e escreve sobre televisão e colabora com sites de entretenimento desde 2010. Além de novelas e programas de auditório, sua preferência nas telinhas é acompanhar telejornais locais e nacionais das principais emissoras brasileiras.

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