A Skydance, novo grupo controlador da Paramount, quer transformar a MTV novamente em um canal relevante para o público jovem. David Ellison, presidente da empresa, reuniu ex-executivos da emissora para discutir como revitalizar a marca, que já foi símbolo da cultura pop nos Estados Unidos. A proposta é retomar a força da MTV como referência musical, mesmo em um cenário de queda da TV por assinatura.
O que aconteceu?
- Novo dono da Paramount quer recuperar a relevância da MTV
- David Ellison se reuniu com ex-executivos para discutir soluções
- Ideias incluem eventos ao vivo e uso do acervo musical antigo
- Idade média do público da MTV hoje é de 56 anos, segundo a Nielsen
- Skydance quer manter canais como MTV, Comedy Central e Nickelodeon
- Reestruturação prevê cortes de US$ 2 bilhões e foco no digital
- Executivos estudam tornar site da MTV um destino para fãs de música
- Plano inclui reduzir número de canais e reforçar produções premium
Durante o encontro, realizado em Los Angeles, os convidados sugeriram iniciativas como eventos ao vivo e reaproveitamento do acervo da emissora, com entrevistas e documentários musicais de décadas passadas. Segundo reportagem publicada pelo The Wall Street Journal, a ideia é ativar o interesse de novas gerações sem perder a conexão com o legado da marca.
Reformulação da Paramount
A nova liderança da Paramount Skydance, formada após fusão com a Paramount, pretende manter e reformular canais como MTV, Comedy Central e Nickelodeon. O plano envolve cortes de mais de US$ 2 bilhões (aproximadamente R$ 11 milhões, na cotação atual), expansão do streaming e reforço no setor de videogames. Um dos objetivos é investir na identidade das marcas sem aumentar custos, com aumento do digital e alternativas à TV paga tradicional.
Em coletiva recente, o diretor Andy Gordon afirmou que existe espaço fora do ambiente linear para essas marcas prosperarem. Entre as estratégias em análise está transformar o site da MTV em uma plataforma para fãs de música que desejam descobrir artistas e gêneros fora do padrão de serviços como YouTube ou Spotify. Nesse sentido, o desejo da emissora é oferecer conteúdo mais aprofundado e segmentado.
Desafio com o público jovem
Apesar do histórico da marca, o desafio é considerável. Hoje, a idade média dos telespectadores da MTV americana é de 56 anos, segundo a Nielsen. Em meio à fuga do público jovem para o streaming, podcasts e redes sociais, reconquistar relevância exige adaptação. Internamente, executivos reconhecem que renovar a marca não significa recuperar imediatamente os assinantes da TV por assinatura.
Ainda assim, os canais tradicionais seguem gerando parte expressiva do lucro operacional da empresa. A separação ou venda dessas marcas poderia levar a renegociações com operadoras de TV, o que aumentaria custos. Além disso, conteúdos da Nickelodeon e da BET, emissora voltada ao público afro-americano, abastecem o catálogo dos serviços de streaming da Paramount, criando sinergia entre os braços da empresa.
O futuro da BET
No caso da BET, existe a possibilidade de venda, mas a ideia ainda está em análise. A executiva Cindy Holland, ex-Netflix e atual líder do streaming da empresa, propõe mais investimentos em produções premium para o BET+, mesmo que o custo por episódio ultrapasse R$ 38 milhões. A BET mantém contrato com o ator Tyler Perry até 2028, estimado em cerca de R$ 1 bilhão por ano.
Com o exemplo da reinvenção do canal Bravo, citado por Jeff Shell, presidente da Paramount Skydance, os executivos acreditam que a MTV pode encontrar novos caminhos. Nos EUA, o sucesso do Bravocon, evento para fãs de franquias como The Real Housewives, serve como modelo de engajamento fora da tela tradicional. A reformulação da MTV pode passar por estratégias parecidas.