O Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) recomendou nesta quinta-feira (19) o retorno do horário de verão em 2024. A proposta visa alterar o horário de pico de consumo de energia para um período com maior geração solar, com o intuito de diminuir o uso de usinas termelétricas, que são mais caras e poluentes. A recomendação será discutida com outros setores e a decisão final caberá ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
A implementação da medida, se aprovada, poderá ocorrer em até 60 dias. O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, destacou a importância do horário de verão como uma ferramenta para ajudar a gerenciar a demanda de energia, especialmente durante o período noturno, quando a geração solar diminui.
Em entrevista coletiva, ele afirmou que a sugestão foi aprovada pelo CMSE com base em recomendações do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). “Foi recomendado pelo ONS e aprovado pelo CMSE um indicativo de que é prudente, que é viável e que seria um instrumento apontado como importante a volta [do horário de verão]”.
O que é o horário de verão?
O horário de verão, extinto em 2019 durante o governo Jair Bolsonaro (PL), funcionava como um recurso para deslocar o consumo de energia elétrica para horários com maior luminosidade natural, aproveitando a geração solar. Com a suspensão da medida, argumentava-se que a economia de energia era baixa e os avanços tecnológicos alteraram o padrão de consumo no país.
O plano de retorno do horário de verão surge em um contexto de seca prolongada, o que tem levado à necessidade de acionamento das usinas termelétricas. A redução dos reservatórios das hidrelétricas pressiona o governo a buscar alternativas para garantir o fornecimento de energia sem aumentar o uso de termelétricas.
Para que serve o horário de verão?
Entre o fim da tarde e o início da noite, a geração solar diminui, enquanto a eólica tende a aumentar devido à maior incidência de ventos. No entanto, há um intervalo entre esses dois momentos em que o pico de consumo de energia precisa ser atendido por fontes complementares, como as hidrelétricas e termelétricas. Ao adiantar os relógios, o pico de demanda seria deslocado para um período com maior geração solar, reduzindo a necessidade de acionamento das termelétricas.
Revogação do decreto de 2019
Para que o horário de verão volte a vigorar, será necessário revogar o decreto assinado por Bolsonaro, que extinguiu a medida em 2019. Naquele momento, o governo já considerava o fim da política energética, argumentando que mudanças no padrão de consumo e avanços tecnológicos diminuíram a relevância do horário de verão.
Mesmo durante a crise hídrica de 2021, a medida não foi retomada, apesar dos debates no governo sobre a viabilidade da reintrodução da política. Agora, com o plano de contingência em curso e a recomendação do CMSE, a possibilidade volta à pauta.
Quando começa o horário de verão 2024?
A decisão de reintroduzir o horário de verão envolve tanto questões técnicas quanto políticas, pois a medida afeta diretamente a rotina da sociedade. Lula deve pesar ambos os fatores antes de tomar a decisão final, que impactará o setor elétrico e a vida dos brasileiros. A expectativa é que, em até 60 dias, o governo chegue a uma conclusão sobre o tema.