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NOS ESTADOS UNIDOS

Patrícia Poeta revela violência obstétrica sofrida em 2002: “Você não percebe”

Na época, apresentadora da Globo trabalhava como correspondente internacional, mas só entendeu a gravidade da situação anos mais tarde

Patrícia Poeta no programa Encontro
Patrícia Poeta revelou que foi vítima de violência obstétrica nos Estados Unidos, em 2002 - Foto: Reprodução/Globo
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Patrícia Poeta, apresentadora do Encontro, da Globo, revelou ter sido vítima de violência obstétrica em 2002, quando deu à luz seu filho, Felipe Poeta. Na época, ela trabalhava como correspondente internacional da emissora nos Estados Unidos, mas só entendeu a gravidade da situação anos mais tarde.

Em entrevista ao Universa, Poeta contou: “Você não percebe a violência até ter entendimento. Muitas vezes, só acha que foi um ‘parto ruim’. Mas, com o passar do tempo e as informações, como o relato de outras mulheres, percebi realmente o que aconteceu.”

Com 41 semanas de gravidez, Patrícia foi ao hospital para um exame de rotina e acabou passando por uma série de experiências traumáticas. “Lembro de falar para a minha família, que tinha ido me visitar, que tomaria café na volta, já que tinham virado rotineiros aqueles exames. Não levei nada, mala de bebê ou qualquer coisa para o nascimento do Pipo [Felipe Poeta],” recordou.

Foram 14 horas de trabalho de parto normal, com dores intensas a cada cinco minutos, sem anestesia e com a recusa de medicação por parte dos profissionais de saúde. “Coisa que não tinha chance de acontecer. Nessas horas, de cinco em cinco minutos, a dor, com o parto induzido e sem anestesia, era extrema. E, apesar de passar por tudo aquilo e pedir por medicação, nada me foi dado,” revelou a apresentadora.

No dia seguinte, Patrícia Poeta foi levada para o centro cirúrgico para uma cesariana. “Dessa vez, cesariana. Nessa hora, a sensação que tinha era de que não existia mais. Não tinha sobrado nada de mim. Sensação de não ter mais forças. Era como se tivesse passado por uma tortura. Meu coração estava mais acelerado do que nunca. Tinha medo, muito medo de tudo que já vivido nas últimas horas e do que poderia acontecer,” disse.

A experiência deixou marcas profundas em Patrícia Poeta, que até hoje não consegue assistir a filmes ou documentários sobre parto. “Tenho um trauma tão grande que até hoje não consigo ver filmes, documentários de parto. Criei uma espécie de bloqueio,” entregou a comunicadora da Globo.

Após o ocorrido, Patrícia Poeta passou a estudar o posicionamento da Organização Mundial da Saúde (OMS) quanto à violência obstétrica. “E aí caiu a ficha: eu tinha sido vítima, sim, desse tipo de violência,” afirmou.

“Confesso que não gostaria de fazer parte dessa estatística, mas é algo real. Não dá para ignorar. É cruel você ter a percepção de que nossas decisões, muitas vezes, não são respeitadas nem na hora do parto. E penso: ‘E se algo tivesse dado errado?’. Me questiono por que não fiz diferente, por que não me fiz mais forte para ser ouvida, e aí caí em outro erro: o de se culpar por algo que não é de sua responsabilidade,” desabafou.

“É importante para que os hospitais e maternidades preparem profissionais, partos e ambientes mais empáticos tanto para gestante quanto para a família”, concluiu Patrícia Poeta.

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Túlio Medeiros
Editor-chefe do Portal da TV e escreve sobre televisão e colabora com sites de entretenimento desde 2010. Além de novelas e programas de auditório, sua preferência nas telinhas é acompanhar telejornais locais e nacionais das principais emissoras brasileiras.
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