Uma das mais antigas revistas masculinas do país, a Bella da Semana, realizou um levantamento com seus leitores que revelou um paradoxo sobre a percepção da “mulher ideal” nos dias de hoje. A análise, feita a partir de comentários em ensaios fotográficos durante dois anos, mostrou que sete em cada dez leitores preferem mulheres com aparência natural, sem cirurgias plásticas.
Apesar disso, o estudo apontou que 58% dos assinantes consideram o bumbum o principal símbolo de atração física, seguido pelo sorriso (41%). Apenas 12% destacaram a inteligência ou o estilo de vida como fatores determinantes de interesse. Os dados indicam que o discurso de valorização da naturalidade convive com um padrão de beleza específico. “O público quer acreditar que é natural, mas busca o impossível”, resumiu um dos editores.
Qual o posicionamento da Bella da Semana?
Segundo Alexandre Peccin, CEO da publicação, o comportamento reflete uma tentativa de reconexão com o real em meio à saturação de imagens artificiais nas redes. “Eles querem acreditar que a fantasia é possível. Quando há excesso de edição, de plástica, o encanto se perde. A mulher ideal precisa ser real, só que dentro do ideal masculino”, disse.
Com mais de 20 anos de história, a Bella da Semana se posiciona como uma das poucas publicações digitais voltadas ao público heterossexual masculino. “Somos uma das últimas publicações 100% direcionadas a esse público e não pedimos desculpas por isso. Fazemos conteúdo para o homem que se identifica com o que chamo de homem raiz”, afirmou o executivo.
Peccin explica que o termo reforça o foco editorial. “Assim como existem espaços voltados ao público LGBTQIA+, o nosso é voltado ao homem que busca esse tipo de conteúdo. Não é uma questão de exclusão, é de identidade”, disse. Sobre críticas de falta de diversidade, ele rebate: “Recebemos centenas de propostas de ensaios. Temos filtros, sim, técnicos e estéticos. Não rejeitamos diversidade, mas mantemos uma linha coerente com o estilo da revista.”
Mesmo diante de mudanças de comportamento, a publicação mantém uma base sólida de leitores. Para o CEO, a razão é clara. “A beleza muda, os discursos mudam, mas o desejo continua o mesmo. É isso que o nosso público consome”, finalizou.