A escolha de Maria Beltrão para comandar a transmissão do Oscar 2025 na TV Globo reacendeu um debate político nas redes sociais. O motivo das críticas não está na experiência da jornalista, que ocupa a função desde 2006, mas no passado de seu pai, Hélio Beltrão (1916-1997), que ocupou cargos no regime da Ditadura Militar (1964-1985).
Hélio Beltrão foi ministro nos governos Costa e Silva (1967-1969) e João Figueiredo (1979-1985) e assinou o Ato Institucional n.º 5, que endureceu a repressão política no país. O AI-5 permitiu a cassação de mandatos, suspensão de direitos políticos e censura à imprensa, além de conceder ao presidente poder para prender dissidentes e aposentar compulsoriamente professores universitários.
A volta da transmissão do Oscar pela TV Globo, após um ano de ausência, foi motivada pelo sucesso do filme brasileiro Ainda Estou Aqui, de Walter Salles. O longa, indicado em três categorias, narra a busca de Eunice Paiva pelo marido, Rubens Paiva (1969-1971), ex-deputado desaparecido durante a ditadura.
As críticas pela escolha de Maria Beltrão
Para parte dos internautas, há um paradoxo na escolha de Maria Beltrão, filha de um dos signatários do AI-5, para apresentar um evento que pode premiar um filme sobre as vítimas da repressão. Com isso, nas redes sociais, telespectadores críticos apontaram a ironia na escalação da jornalista por parte da TV Globo.
“Como a Globo escolheu a filha de um signatário do AI-5 para apresentar o Oscar, que pode premiar ‘Ainda Estou Aqui’? Escárnio”, escreveu um usuário na plataforma X, o antigo Twitter. Outro apontou que “não é apenas por ser filha de um signatário do AI-5, mas por ter um discurso alinhado com o pai”.
Apresentadora recebeu apoio de internautas
Por outro lado, Maria Beltrão também recebeu apoio de parte do público. Seguidores da jornalista argumentaram que ela não deve ser responsabilizada pelos atos do pai. “Maria Beltrão é uma jornalista competente e não representa as atitudes de seu pai. Se for para caçar fantasmas, que comecem com os responsáveis pelo golpe de 8 de janeiro”, escreveu um internauta.
