O uso terapêutico da cannabis vem ganhando cada vez mais destaque no Brasil, apesar dos obstáculos legais e do preconceito ainda presentes na sociedade. Segundo dados de 2023, cerca de 430 mil pessoas no país recorreram a medicamentos à base de cannabis, mostrando uma demanda crescente por essa forma de tratamento. O Globo Repórter desta sexta-feira (3) acompanhou o trabalho de famílias e pesquisadores na produção e divulgação dos benefícios dos remédios à base da planta.
A legislação brasileira atual só permite o cultivo da cannabis com autorização judicial. O Globo Repórter destaca a atuação da Associação de Apoio a Pacientes e Pesquisas da Cannabis Medicinal (APEPI), pioneira na luta pela regulamentação do uso terapêutico da planta. Fundada há uma década pela ativista Margarete Brito e seu marido, a associação tem sido fundamental na promoção da eficácia dos medicamentos à base de cannabis, como relata um dos casos acompanhados pela reportagem.
Os medicamentos derivados da cannabis, embora ainda sejam considerados novos, têm demonstrado eficácia no tratamento de diversas condições de saúde. Pesquisas indicam que eles podem beneficiar pacientes que não respondem aos tratamentos convencionais, como no caso de Nicolas, diagnosticado com microcefalia, paralisia cerebral e epilepsia. Após iniciar o tratamento com óleo de cannabis, sua qualidade de vida melhorou significativamente, conforme testemunho de seu pai.
A presença de substâncias como o canabidiol (CBD) e o tetrahidrocanabinol (THC) nos medicamentos à base de cannabis é destacada no Globo Repórter. Enquanto o CBD atua como um calmante, o THC pode ter efeitos euforizantes, dependendo da dose. Organizações como a Fiocruz defendem a produção ampliada desses medicamentos, ressaltando seus benefícios no tratamento de diversas condições, desde dores crônicas até sintomas do Parkinson.
O Globo Repórter destaca ainda que a pesquisa e a regulamentação são aspectos essenciais para garantir o acesso adequado aos medicamentos à base de cannabis. Instituições como a Unicamp desempenham um papel importante nesse sentido, oferecendo controle de qualidade e até mesmo cursos de pós-graduação sobre cannabis medicinal. A repórter Lilia Teles destaca a importância de esclarecer dúvidas e compartilhar conhecimento por meio das histórias.
“Cada vez que eu encontrava uma família que buscou na cannabis medicinal uma esperança de poder conviver com seus filhos de forma mais natural, de tê-los no convívio com outras pessoas, me emocionei. Com esse programa, queremos esclarecer dúvidas e levar conhecimento através das histórias e relatos dessas pessoas”, afirma a repórter. O Globo Repórter vai ao ar nesta sexta (3), depois da novela Renascer.