William Bonner revelou, durante entrevista ao programa Altas Horas, da TV Globo, que evita frequentar locais públicos devido a constantes hostilizações motivadas pela polarização política no Brasil. O jornalista afirmou que, ao longo dos anos, tem sido xingado na rua por pessoas descontentes com o conteúdo do Jornal Nacional.
O âncora destacou que a ascensão das redes sociais aprofundou as divisões ideológicas no país, criando bolhas onde indivíduos interagem apenas com aqueles que compartilham suas opiniões. Segundo ele, essa dinâmica levou à normalização da hostilidade contra quem pensa de forma diferente.
“Se você só tem contato com quem concorda com você, quando alguém discordar de você, haverá um enorme estranhamento. Até aí está tudo bem. O problema é que estimulou-se todo mundo a transformar o estranhamento em hostilidade”, declarou Bonner.
“Quem pensa diferente de você, passa a ser seu inimigo –essa é a lógica das redes sociais. Se o mundo não acabar, em algum momento a humanidade perceberá que isso está acontecendo. É só examinar o que acontece, as pessoas ficaram muito intolerantes”, afirmou William Bonner
O jornalista lembrou que a imprensa tem sido alvo de ataques tanto da esquerda quanto da direita em momentos distintos. “Eu era hostilizado naquela época muito pela esquerda, porque o noticiário desagradava à esquerda. Aí teve um momento em que a direita começou a crescer no Brasil, também fazendo um discurso contra a imprensa, porque a direita tem esse discurso anti-imprensa”, contou.
William Bonner contou que a situação se tornou insustentável, a ponto de alterar sua rotina para evitar confrontos. “Aí, foi um pouco complicado, porque o lugar em que eu moro no Rio de Janeiro, se eu saísse para o lado direito, eu era hostilizado pelo pessoal da esquerda. Se eu saísse pelo lado esquerdo, eu era hostilizado pela direita”, lamentou.
O jornalista revelou que prefere viajar de carro para evitar possíveis constrangimentos em aeroportos e aviões. Apesar do cenário de polarização, demonstrou otimismo ao afirmar que ainda há espaço para o diálogo. “Mas tem muita gente ainda que está com o coração aberto para escutar o outro, para aplaudir talentos. Enquanto isso houver, haverá esperança”, concluiu William Bonner.
